Bogotá passou correndo, e ainda lhe demos umas voltas por fora: visitámos a abuelita en La Mesa, do outro lado da montanha, onde almoçámos pela segunda vez, porque também aqui o carinho se expressa com comida; apanhámos o comboio a vapor que rasgou a cidade-alta em dois, empurrado pelos adeus de todo-homem que o via passar, até uma terra chamada Zipaquirá; tivemos um assado de família-toda numa quinta perto de Facatativá, carinhosamente chamada "La Faca", nós mordendo maçarocas de milho tiradas do carvão ao sol, e um bando de música animando a tarde (os ritmos novos, o vallenato, o porro, a cumbia, o fandango, os outros, as timidezes despidas a dançar). Gargalhadíssimo, tudo.
Finalmente, no fim da semana - alimentados, apaparicados e bem dormidos -, comprámos o mapa de estradas da Colombia, partida, lagarta, fomos. Com as injecções contadas para um mês de viagem, as placas de gelo bem frias, e um telemóvel barato no bolso desenrascado pela família dos meus amigos, por si cualquier cosa.
Partimos para a zona cafeteira, terra de vilas coloniais, praças vivas e varandas de madeira maciças, as madeiras velhas mas não gastas, as cores repintadas com boa intenção, os cavalos, os chapéus de palha, as plantações de café. Repiso os caminhos e as aldeias de que ainda me lembro, e sorrio porque reconheço as esquinas e os velhos: talvez as estradas de terra ainda tenham as minhas impressões!, mas agora estou mais pesada, tenho EM e injecto-me todos os dias. Pergunto-me se é mais surpreendente o meu regresso a estas terras perdidas passados estes anos, ou o facto de aqui estar de geleira às costas e uma semi-rara EM aos ombros, mas rio-me e não sei responder, e assim vou entretendo os pensamentos montanhabaixo. Voltar aos mesmos lugares sem poder ser a mesma pessoa; quem diria que aqui voltava?, que assim voltava?
Mas a caminhada de volta montanhacima custa tanto como dantes, e não mais, e eu ganho o dia.
O Don Elías apenas subtilmente acusa os anos, eu reconheço-o, ele reconhece-me, e a casa continua acolhedora. Volta a levar-nos pela sua plantação de bananas, que nascem de árvores macias como borracha, e de ananazes, que nascem filhos-únicos de árvores que se lhes parecem, e de café, que são bagas amarelas e vermelhas e parecem fruta e não cheiram ao que esperamos; e nos volta a ensinar todoprocesso (colhe, descasca, seca, descasca, tosta, moi), desde a semente colhida à bebida quente, que nos serve no fim do passeio, junto à cozinha de bambu.
Partimos para a zona cafeteira, terra de vilas coloniais, praças vivas e varandas de madeira maciças, as madeiras velhas mas não gastas, as cores repintadas com boa intenção, os cavalos, os chapéus de palha, as plantações de café. Repiso os caminhos e as aldeias de que ainda me lembro, e sorrio porque reconheço as esquinas e os velhos: talvez as estradas de terra ainda tenham as minhas impressões!, mas agora estou mais pesada, tenho EM e injecto-me todos os dias. Pergunto-me se é mais surpreendente o meu regresso a estas terras perdidas passados estes anos, ou o facto de aqui estar de geleira às costas e uma semi-rara EM aos ombros, mas rio-me e não sei responder, e assim vou entretendo os pensamentos montanhabaixo. Voltar aos mesmos lugares sem poder ser a mesma pessoa; quem diria que aqui voltava?, que assim voltava?
Mas a caminhada de volta montanhacima custa tanto como dantes, e não mais, e eu ganho o dia.
O Don Elías apenas subtilmente acusa os anos, eu reconheço-o, ele reconhece-me, e a casa continua acolhedora. Volta a levar-nos pela sua plantação de bananas, que nascem de árvores macias como borracha, e de ananazes, que nascem filhos-únicos de árvores que se lhes parecem, e de café, que são bagas amarelas e vermelhas e parecem fruta e não cheiram ao que esperamos; e nos volta a ensinar todoprocesso (colhe, descasca, seca, descasca, tosta, moi), desde a semente colhida à bebida quente, que nos serve no fim do passeio, junto à cozinha de bambu.
Fechámos este primeiro ciclo com Santa Fé de Antioquia, chegada com a noite e com a feira na praça - as praças são os corações palpitantes destas terras -, a imagem da mesma Colombia cafeteira, demarcada das paredes, dos ombros descalços, dos chapéus de ráfia, da aguardente, do café, as varandas de madeira (velha, não gasta) e as ventoinhas e as portas abertas à rua. Desenrascámos a dormida no piso de cima do salão de bilhar do pueblo, os velhos sábios e eu única-mulher, a música popular e o chocar das bolas de abrir o jogo, a banda sonora das noites no quarto sem tecto.