Este blog foi impulsionado pela SPEM – Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, e pretende ser um espaço onde se
entornem discussões, novidades, perguntas, respostas, conversas, histórias e viagens – em redor da vida com Esclerose
Múltipla e Outras Coisas Também.









sexta-feira, 22 de junho de 2012

Hoje, 'volto já'

Não sei se é da histeria da bola de ontem, do curtinho pezinho de dança, do solarengo dia ou das coisas da vida, mas eu hoje estou feita um saco de areia furado - e já choquei com meio corpo na porta da tabacaria e me raspei e me saiu um cansado “ai”..
Estiquemos as pernas, pois, e tentemos passar pelo dia de trabalho subtilmente e à superfície, a ver se ninguém dá por mim e não cai mais trabalho em cima desta molenga moleza. Ssshhhh..... “Volto já”.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ode aos novos dias

Depois da histeria, um tranquilo estado de regozijo. Que se não corre bem à primeira, vamos à segunda (terceira, quarta, quinta...).

Com as boas notícias, abriu também a temporadas das melhores horas: as das sardinhas, das noites quentes, das festas, dos fins de tarde intermináveis, do futebol, dos bailaricos, de Lisboa-inspirada.
Para celebrar todas estas coisas, sentei o rabo no carro de uns amigos e alinhei com eles costa abaixo, num programa de fim-de-semana prolongado. Sempre gostei de rituais, pequenos festejos, simbolismos menores e maiores que marquem passagens de uns estados a outros. Fiz a oral final do estágio da ordem dos advogados vestida de preto, anunciei no trabalho que me ia embora com a mesma camisa que usei no primeiro dia de escritório, e desta vez, para celebrar a mão cheia de boas noticias que saíram dos bolsos este mês, levei as injecções a passear à praia – com direito a acampar, entre placas de gelo e uma logística bem montada. A passagem do ritual era a de um ano negro e triste para um outro que aí vem, anunciado pelas boas notícias de Maio, e que se espera extraordinário. O simbolismo vinha agarrado ao programa: pés na areia, tendas às costas, noites ao relento, caracóis ao fim da tarde com imperiais a acompanhar o futebol e os bailinhos, uma liberdade gostosíssima que as boas notícias permitirão, enfim, viver, os pés descalços com o sol nas orelhas, e a promessa de muitas viagens e projectos às portas do ano; em extraordinária companhia, as conversas a condizer, e a sensação de paz, enfim, a aquecer o peito.
Assim foi.
Discutimos as ursas, contámos as cadentes, brindámos o “esteba” gabado durante toda a viagem, em cada café era um “faxavor ponha-me lá isso no frigorífico dois segundinhos”, “claro que ponho, menina”, picava-me no carro, os meus amigos tiravam gelo dos bolsos, que me entregavam, atentíssimos, e assim se fez a coisa. Felicíssima.

Fechámos a rota numa tasca caída numa estrada nacional de pouco movimento, fresquíssimas minis tilintaram ao fim do dia e ao fim daqueles dias, e tenho a sensação que cantámos marchinhas e “laurindinhas” a viagem toda – mas eu estava em êxtase, por isso pode ser da minha imaginação.

Voltei a casa, espalhei areia por todo o chão (que agora terei de aspirar, porque ainda a sinto colar-se aos pés) e fiz duas notas mentais: (i) é possível fazer vida cigana com as injecções atrás (e os senhores dos cafés são sempre uma simpatia), e (ii) tenho MESMO de fazer isto mais vezes.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Código 31

Nem vou perder muitas palavras para chegar ao ponto:
Código 31, SEM EVOLUÇÃO!!!!!!!!!

 Ao contrário da última vez, não tenho lesões novas e não tenho contra-indicações para me atirar à estrada!!!!

Os meus irmãos vieram comigo em marcha cigana ao hospital, montaram arraiais e esperaram por mim - voltei ao corredor, uma hora depois, com os polegares levantados: Está tudo bem. A mãezinha quase solta lágrima (embora afirme que os instintos maternais lhe diziam que ia correr tudo bem), e o dia acabou, naturalmente, sentado em mesa alta, noite de verão, com a família reunida em volta de gargalhadas imperiais.

Está tudo bem=)